Art.33
da LDB, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
estabelece que: " O Ensino Religioso, de matrícula
facultativa, é parte integrante da formação do cidadão, constitui disciplina
dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurando o
respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas
de proselitismo".
Segundo
os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso, "o Ensino Religioso
necessita cultivar a reverência, ressaltando pela alteridade que todos são
irmãos. Só então a sociedade irá se conscientizando de que atingirá seus
objetivos desarmando o espírito e se empenhando, com determinação, pelo
entendimento mútuo."
Meus
alunos são obrigados a assistir às aulas de ensino religioso?
Tratando-se
de uma instituição pública, não. O estudante só poderá cursar as aulas se a
família consentir por meio de uma carta, que deverá ficar arquivada na
secretaria. No entanto, mesmo com essa permissão, a criança tem o direito de optar
por não frequentar as aulas. Por isso, a direção da unidade é obrigada a
informar ao estudante que há essa escolha. E sob nenhuma hipótese ele poderá
ser reprovado por falta ou nota - o que seria ilegal e inconstitucional.
Como devo lidar com a espiritualidade
dos estudantes?
Os estudantes têm liberdade de crença, como qualquer cidadão brasileiro. Há
tradições religiosas que pregam o monoteísmo, outras o politeísmo e as que nem
sequer se referem a uma figura divina. Com relação a temas da espiritualidade,
o importante é saber que temos de nos respeitar, sem constranger quem pensa de
um modo distinto do nosso. Respeito independe de concordância e essa é a grande
lição que a escola pode ensinar.
O
que o Ensino Religioso precisa desenvolver no educando?
A capacidade de observação, reflexão, criação,
discernimento, julgamento, comunicação, convívio, cooperação, decisão e ação
frente à realidade da vida. O Ensino Religioso é portanto, uma questão
diretamente ligada à vida, e que vai se refletir no comportamento, no sentido
que orienta a sua ética. O discurso do Ensino Religioso deve estar sempre
amarrado na experiência cotidiana das comunidades que fazem a história. A
dimensão cultural abrange as dimensões materiais, intelectuais e espirituais, e
o fenômeno religioso vai se formando e transformando à base de uma contínua
experiência histórica. É importante lembrar que a sala de aula não deve ser uma
comunidade de fé, mas um espaço privilegiado de reflexão sobre limites e
superações. Isto implica a necessidade de se construir uma pedagogia que
favoreça tal perspectiva, porque o que objetivamos é fruto de uma experiência
pessoal, na incansável busca de respostas para as questões existenciais. É
preciso interpenetrar teoria e prática adequando as atividades, textos,
linguagem aos educandos, buscando respeitar suas limitações e histórias de
vidas já construídas.
Como
deve ser o perfil do educador em Ensino Religioso?
O Ensino Religioso tratando do conhecimento
religioso, é ao mesmo tempo historicamente construído e revelado. Tendo em
vista isso, os conteúdos são complexos em si e muito mais em seu tratamento na
pluralidade e diversidade da sala de aula. Essa complexidade requer do educador
um aprofundamento mais apurado, pois é na relação do conhecimento religioso
próprio (do professor), com o conhecimento religioso do outro, que o educando
vai se sensibilizando para o mistério, compreendo o sentido da vida e da vida
além morte, elaborado pelas Tradições Religiosas. O educador, em Ensino
Religioso hoje, precisa ter capacidade de viver num mundo em que as religiões
se inter-relacionam umas com as outras, e onde é preciso aprender a conviver em
termos de respeito e colaboração com os que pensam e creem de modo diferente.
Quais
são requisitos básicos para um educador em Ensino Religioso?
Espírito
de pesquisa; • respeito pelas demais tradições e manifestações religiosas; •
clareza quanto à sua própria convicção de fé; • consciência da complexidade da
questão religiosa; • sensibilidade à pluralidade; • livre de todo e qualquer
preconceito; • amor incondicional ao ser humano. Esse profissional, se não
tiver esses requisitos, deverá em última instância: a) estar aberto ao novo,
admitindo que necessita capacitar-se; b) ter disponibilidade para o diálogo e
capacidade de articulá-lo a partir do processo de ensino-aprendizagem; c) ser o
interlocutor entre a Escola e a Comunidade, mediando possíveis conflitos; d)
colocar seu conhecimento e sua experiência pessoal a serviço da liberdade de
credo do seu aluno.
O
novo no Ensino Religioso
O
Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso, ao organizar a primeira Capacitação
para o novo milênio escreveu: Tudo novo e nada de novo debaixo do sol. Todas as
buscas do Transcendente se resumem na atitude concreta e universal de amar e
ser amado. Só o amor é universal. Só essa ternura infinita que sentimos quando
estamos encantados por uma pessoa ou por uma causa e que nos leva a uma entrega
total de nós mesmos e que, em cada momento, nos surpreende com a infinita
capacidade de doação que brota dentro de nós. O amor é a nossa causa comum. O
amor que nos faz indignar com as injustiças e que nos cria solidários, sem
perguntarmos a crença, com os que sofrem porque são humanos como nós. O amor
que faz descobrir o milagre de que uma cesta com cinco pães e dois peixes não é
suficiente até que comecemos a dá-los. Estamos no terceiro milênio. Todas as
conquistas científicas, os avanços tecnológicos, a ânsia de domínio do mundo e
dos outros, nada disto serve para nada diante da atitude e do sentimento
pessoal do amor. Este é o segredo das religiões: podemos nos aposentar em tudo,
a única coisa que nunca jamais nos aposentaremos é a nossa capacidade de nos
apaixonar por uma pessoa ou por uma causa. Disto temos testemunhas em todas as
religiões. As doutrinas e as instituições nos dividem. Só o amor nos une. Por
isso, a Boa Nova se resumiu no amor. É ele que nos salva. Mas nos salva em
todas as culturas e religiões. O Ensino Religioso Hoje significa isto. Que ele
nos capacite para amar melhor e sem excluir ninguém. A escritora italiana
Chiara Lubich introduziu uma concepção de amor realmente original para
encaminhar os relacionamentos com o diferente, trata-se da “arte de amar”, que
se articula em quatro modos de amar: - amar a todos, - amar sempre, - tomar a
iniciativa no amor, - amar o outro como a si mesmo. Com eles, é possível não só
administrar positivamente o relacionamento com os outros” sobretudo com aqueles
que esperam de cada um de nós, um amor despretensioso.