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quinta-feira, 5 de maio de 2016

ENSINO RELIGIOSO

Art.33 da LDB, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estabelece que: " O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação do cidadão, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo".
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso, "o Ensino Religioso necessita cultivar a reverência, ressaltando pela alteridade que todos são irmãos. Só então a sociedade irá se conscientizando de que atingirá seus objetivos desarmando o espírito e se empenhando, com determinação, pelo entendimento mútuo."

Meus alunos são obrigados a assistir às aulas de ensino religioso?

Tratando-se de uma instituição pública, não. O estudante só poderá cursar as aulas se a família consentir por meio de uma carta, que deverá ficar arquivada na secretaria. No entanto, mesmo com essa permissão, a criança tem o direito de optar por não frequentar as aulas. Por isso, a direção da unidade é obrigada a informar ao estudante que há essa escolha. E sob nenhuma hipótese ele poderá ser reprovado por falta ou nota - o que seria ilegal e inconstitucional.

Como devo lidar com a espiritualidade dos estudantes?

Os estudantes têm liberdade de crença, como qualquer cidadão brasileiro. Há tradições religiosas que pregam o monoteísmo, outras o politeísmo e as que nem sequer se referem a uma figura divina. Com relação a temas da espiritualidade, o importante é saber que temos de nos respeitar, sem constranger quem pensa de um modo distinto do nosso. Respeito independe de concordância e essa é a grande lição que a escola pode ensinar.

O que o Ensino Religioso precisa desenvolver no educando?

 A capacidade de observação, reflexão, criação, discernimento, julgamento, comunicação, convívio, cooperação, decisão e ação frente à realidade da vida. O Ensino Religioso é portanto, uma questão diretamente ligada à vida, e que vai se refletir no comportamento, no sentido que orienta a sua ética. O discurso do Ensino Religioso deve estar sempre amarrado na experiência cotidiana das comunidades que fazem a história. A dimensão cultural abrange as dimensões materiais, intelectuais e espirituais, e o fenômeno religioso vai se formando e transformando à base de uma contínua experiência histórica. É importante lembrar que a sala de aula não deve ser uma comunidade de fé, mas um espaço privilegiado de reflexão sobre limites e superações. Isto implica a necessidade de se construir uma pedagogia que favoreça tal perspectiva, porque o que objetivamos é fruto de uma experiência pessoal, na incansável busca de respostas para as questões existenciais. É preciso interpenetrar teoria e prática adequando as atividades, textos, linguagem aos educandos, buscando respeitar suas limitações e histórias de vidas já construídas.

Como deve ser o perfil do educador em Ensino Religioso?

 O Ensino Religioso tratando do conhecimento religioso, é ao mesmo tempo historicamente construído e revelado. Tendo em vista isso, os conteúdos são complexos em si e muito mais em seu tratamento na pluralidade e diversidade da sala de aula. Essa complexidade requer do educador um aprofundamento mais apurado, pois é na relação do conhecimento religioso próprio (do professor), com o conhecimento religioso do outro, que o educando vai se sensibilizando para o mistério, compreendo o sentido da vida e da vida além morte, elaborado pelas Tradições Religiosas. O educador, em Ensino Religioso hoje, precisa ter capacidade de viver num mundo em que as religiões se inter-relacionam umas com as outras, e onde é preciso aprender a conviver em termos de respeito e colaboração com os que pensam e creem de modo diferente.

Quais são requisitos básicos para um educador em Ensino Religioso?

Espírito de pesquisa; • respeito pelas demais tradições e manifestações religiosas; • clareza quanto à sua própria convicção de fé; • consciência da complexidade da questão religiosa; • sensibilidade à pluralidade; • livre de todo e qualquer preconceito; • amor incondicional ao ser humano. Esse profissional, se não tiver esses requisitos, deverá em última instância: a) estar aberto ao novo, admitindo que necessita capacitar-se; b) ter disponibilidade para o diálogo e capacidade de articulá-lo a partir do processo de ensino-aprendizagem; c) ser o interlocutor entre a Escola e a Comunidade, mediando possíveis conflitos; d) colocar seu conhecimento e sua experiência pessoal a serviço da liberdade de credo do seu aluno.

O novo no Ensino Religioso

O Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso, ao organizar a primeira Capacitação para o novo milênio escreveu: Tudo novo e nada de novo debaixo do sol. Todas as buscas do Transcendente se resumem na atitude concreta e universal de amar e ser amado. Só o amor é universal. Só essa ternura infinita que sentimos quando estamos encantados por uma pessoa ou por uma causa e que nos leva a uma entrega total de nós mesmos e que, em cada momento, nos surpreende com a infinita capacidade de doação que brota dentro de nós. O amor é a nossa causa comum. O amor que nos faz indignar com as injustiças e que nos cria solidários, sem perguntarmos a crença, com os que sofrem porque são humanos como nós. O amor que faz descobrir o milagre de que uma cesta com cinco pães e dois peixes não é suficiente até que comecemos a dá-los. Estamos no terceiro milênio. Todas as conquistas científicas, os avanços tecnológicos, a ânsia de domínio do mundo e dos outros, nada disto serve para nada diante da atitude e do sentimento pessoal do amor. Este é o segredo das religiões: podemos nos aposentar em tudo, a única coisa que nunca jamais nos aposentaremos é a nossa capacidade de nos apaixonar por uma pessoa ou por uma causa. Disto temos testemunhas em todas as religiões. As doutrinas e as instituições nos dividem. Só o amor nos une. Por isso, a Boa Nova se resumiu no amor. É ele que nos salva. Mas nos salva em todas as culturas e religiões. O Ensino Religioso Hoje significa isto. Que ele nos capacite para amar melhor e sem excluir ninguém. A escritora italiana Chiara Lubich introduziu uma concepção de amor realmente original para encaminhar os relacionamentos com o diferente, trata-se da “arte de amar”, que se articula em quatro modos de amar: - amar a todos, - amar sempre, - tomar a iniciativa no amor, - amar o outro como a si mesmo. Com eles, é possível não só administrar positivamente o relacionamento com os outros” sobretudo com aqueles que esperam de cada um de nós, um amor despretensioso.

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